quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Não feche os olhos!



Pelo que pude perceber, algumas pessoas tem sido confrontadas com questões de fórum céptico, visto que é colocada em causa a validade das escrituras sagradas, como por exemplo a questão.  
 
* Como provar que os textos contidos na bíblia que manuseamos hoje são de facto verdadeiros e fiéis ao(s) original(is)

Como lhe disse relativamente à validade das escrituras seria interessante você dar uma vista de olhos na história da "Septuaginta" que´seria o original da tradução dos textos do Antigo Testamento em Hebraico para o Grego, e também na "Vulgata" que é a versão traduzida diretamente para o Latim por São Jerónimo. Segue os Links.    
   
http://pt.wikipedia.org/wiki/Septuaginta
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vulgata

A compreensão destes dois links acima são de suma importância para a compreensão histórica relativamente aos caminhos percorridos até os textos tal como os lemos hoje.

Temo que não sirvam para muito mais do que isso, mas já é um começo. Como lhe disse eles apenas vão nos dar uma noção histórica sobre o tema, deixando por responder á questão no seu cerne, que é: "As escrituras são válidas?" 

Para responder à questão sobre a validade das escrituras e dos seus efeitos enquanto palavra viva e transformadora não poderemos adoptar o método científico ou histórico para validar a proposição. Tão somente poderemos recorrer à fé e a experiência pessoal de cada um.  

Como lhe havia dito sobre Constantino I, este imperador teve grande influência na introdução de práticas e tradições pagãs no cristianismo que se perpetuam até os dias de hoje. Quanto a isto não há dúvidas.  
 
 Segue link:
 
 http://pt.wikipedia.org/wiki/Constantino_I#Religi.C3.A3o

Todas estas questões, são muito interessantes do ponto de vista histórico e cultural, ao meu ver são conhecimentos que nos fornecem uma base firme para a formulação de conceitos sólidos e coerentes. Entretanto quando os aplicamos ao universo da fé, este perde toda a sua relevância pois em nada auxilia na compreensão do "ser" e da alma de cada um. 
 
     Ao meu ver, entendo que diante da apreciação dos factos históricos e todas as suas "lacunas" é realmente humanamente impossível obter uma conclusão inequívoca daquilo que seja uma verdade Maior com relação ao carácter 100 % fidedigno da Bíblia tal como á temos hoje.
 
     Todavia, se nós nos despirmos de toda formatação religiosa que porventura tivermos recebido e analisarmos com um olhar sincero e sem "preconceitos", sejam eles provenientes de qualquer linha doutrinária ou filosófica, veremos que os princípios contidos neste livro (Bíblia) são princípios que sustentam a pouca ordem e equilíbrio que ainda resta neste mundo maluco, doente e totalmente carente de humanidade em que vivemos.
 
     O mais importante, aos meus olhos, independentemente de qual seja a nossa fé, ainda que a nossa fé seja a fé (crença) na "não-fé", o mais importante é que nós não nos apartemos do que é principal: O AMOR. 
 
     Precisamos entender que ninguém é detentor da verdade pura (nem mesmo nós evangélicos), pois a nossa essência não é pura, logo qualquer verdade que venhamos a defender será relativa e mascarada pelos nossos rudimentos de perversidade. A única forma de andarmos num caminho de estabilidade do ser, é vivermos em amor. O autor da carta aos Hebreus no c. 13, v. 1 diz aquilo que devemos conservar acima de tudo, ele diz: "Permaneça o AMOR  fraternal", o amor ao próximo e o respeito pelas diferenças é a chave para a construção de uma consciência livre.
 
     Por isso meu amigo, apesar e com todo o nosso esforço em saber discursar, dialogar, persuadir e argumentar de nada valerá esta nossa luta se tudo isto for feito com o objetivo de incutir a nossa verdade na mente de alguém.  
 
     Cremos numa personagem real,  na qual depositamos a nossa fé em seus ensinamentos, cremos que a proposta desta personagem que apesar de ter dividido  a história, não tinha como objetivo dividir a humanidade, nem muito menos de arrebatar uma parte em detrimento de outra. Cremos num Jesus que veio propor a unidade entre os povos através de uma transformação a partir do interior de cada um nós.  
 
      Infelizmente, hoje no século XXI olhamos para trás e vemos 90% das guerras e grandes massacres da história e constatamos que estes foram motivados pela compreensão equivocada da mensagem que deveria unir-nos, todavia nos separa, única e exclusivamente pela negligência ao princípio fundamental: o AMOR.
 
      Receio que a despeito do nosso muito falar de amor, do nosso muito cantar "o amor" e do nosso muito ensinar sobre o amor, todo o nosso esforço seja vão se não amarmos de facto e de verdade.
     
      Acredito que os ateus ou agnósticos e cépticos como o seu colega de universidade em nada serão impactados pelo nosso "pseudo-conhecimento", nem pela nossa exímia representação argumentativa, senão pelo AMOR com que nos amamos uns aos outros, senão pelo AMOR que nos capacita a transpor e respeitar as diferenças, sejam elas quais forem.
 
       Este é o nosso argumento MAIOR, o AMOR.. Ainda que, e eu sublinho  "ainda que", em hipótese a bíblia fosse um monte de literatura fantasiosa produto da mente humana, uma coisa seria incontestável, e é que: O Deus da bíblia na pessoa de Jesus Cristo assim como cremos (ainda que produto da mente do homem) deu à humanidade um exemplo inigualável do verdadeiro e maior AMOR, entregando-se à morte para a redenção de todo aquele que acreditasse nele e recebesse o seu sacrifício.
 
      É incontestável que a pessoa de Jesus por si só (digo, pessoa histórica) é suficientemente apaixonante aos olhos de quem o busca conhecer, ainda que este não professe nenhuma fé.
 
      É incontestável e intrigante que este homem conhecia a alma humana tão profundamente quanto nenhum outro filósofo ou grande pensador da história, é incontestável que os seus ensinamentos e a sua proposta de vida plena foram capazes de penetrar no mais profundo do ser e foram capazes de abalar os alicerces emocionais dos homens mais brutos e insensíveis, foram capazes de fazer brotar esperança nos corações dilacerados pela imposição religiosa, foram capazes de fazer ressuscitar aqueles que estavam mortos ainda em vida, aqueles que morreram antes da morte chegar.
 
      A Sua proposta foi a proposta mais ousada da história da humanidade... Ele propôs vida ainda que se estivesse morto. Jesus não estava falando da morte física, ela falava daqueles que estavam mortos e sepultados dentro das suas próprias misérias existenciais... 
 
      Isto tudo não tem nada  à ver  com religião...   E sim com amor.....  Quem o pode negar?
 
 
      Amigo! Quanto mais eu penso acerca destas coisas, mais eu fico certo de que nós enquanto "povo de Deus"  deveríamos falar menos desse amor, devíamos deixar de lado as nossas convicções tolas e superficiais, devíamos falar menos sobre aquilo no que acreditamos e mais sobre aquilo que nós somos, devíamos ouvir mais aquilo que as pessoas têm a nos dizer, pura e simplesmente para lhes dar o prazer de serem ouvidas sem sentirem que estão no meio de uma competição intelectual.
 
      Acredito que quando nós vivermos esse AMOR, tal como este homem, Jesus, viveu aí então aquilo que nós falarmos poderá surtir algum efeito naqueles que nos ouvirem.
 
     Quero dizer com isto tudo meu amigo, que a forma como você vive, e compreende a vida que vive é determinante para a eficácia da sua existência. Digo, existir só fará algum sentido ou terá algum propósito, ou surtirá algum efeito nos outros se compreendermos e vivermos plenamente a nossa vida, dando importância aquilo de facto é importante, aquilo que como falei, é o principal, O AMOR.
 
     O problema é que nós nos entretemos muito com coisas secundárias e assim desviámo-nos do principal. Nós nos preocupamos muito com questões irrelevantes, como:
 
     As lacunas genealógicas dos patriarcas, As evidências e contra-evidências da criação, a existência ou não de personagens misteriosos da bíblia...  coisas como: Quem foi Melquisedeque, qual a sua importância, ou quem foi a mulher de SETE, apologia da dicotomia ou da tricotomia do ser, ou a trinitariedade do ser de Tertuliano.....Calvinismo X Luteranismo, Protestantismo  X Catolicismo.... Cristianismo X Ateísmo, Judaísmo X Islamismo,  enfim nenhuma destas coisas nos levará à lugar algum, senão ao distanciamento, ao individualismo, ao isolamento intelectual e a intolerância.
 
     Se de tudo que aqui foi escrito, não servir para esclarecer as indagações do seu colega... Uma coisa eu lhe garanto.....
 
 
 
Esta mensagem será suficientemente perturbadora para quem a ouvir.....
 
 
Sabes porque????  
 
 
 
O AMOR   é coisa rara hoje em dia.......  Falar de amor é muito habitual...... Viver o AMOR é quase uma utopia.....
 
 
Um Grande abraço.
 
Victor Florenzano

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